Interpretar os impactos ambientais decorrentes da construção de uma barragem para a produção de energia elétrica não é uma tarefa fácil. Envolve compreendermos a complexidade das relações sociais com o seu meio, além de estabelecermos relações com nosso modelo de desenvolvimento.
Um vídeo institucional lançado pelas empreiteiras encarregadas da construção da Usina Hidrelétrica de Estreito, no Rio Tocantis (divisa do Pará com o Maranhão) é uma boa demonstração do impacto dessas estruturas sobre o meio ambiente e sobre o meio social, chamando-nos a atenção para a quantidade de área inundada pela barragem.
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Uma reportagem do "Reporter Brasil" nos ajuda a buscarmos novos elementos para interpretarmos os impactos sobre a sociedade de ribeirinhos e indígenas que vivem lá. "Vidas Inundadas - Ribeirinhos" é uma das reportagens da série "ESTREITO", onde a jornalista Beatriz Camargo reconstrõe este fato sobre a ótica do pertencimento do lugar: "É difícil contabilizar a extensão e a profundidade dos impactos. Para quem vai perder a terra onde sempre viveu, o desamparo parece não ser indenizável."
Alguns trechos da reportagem
Maria Zélia Moura, quebradeira de coco em Palmatuba, bairro distante de Babaçulândia, mostra o cultivo de feijão, na beirada do rio, com orgulho. No quintal, cultiva milho, pimenta, limão e outras árvores frutíferas. Ela acha que não vai conseguir plantar tudo de novo em outro terreno, pois ela e o marido estão mais velhos. Pensa em comprar uma casa na cidade.No entorno da casa de Maria Zélia, muito babaçu. Palmatuba vai inteira para debaixo d´água. As quebradeiras, reunidas numa associação, vão ganhar uma sede em outro lugar, próximo ao reassentamento da comunidade que, segundo o consórcio, será também em área de babaçuais.
Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que apóia o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o deslocamento de populações vai contra o projeto da organização de distribuir a terra. "Nossa proposta é manter o homem na terra e não gerar mais sem-terras", resumiu a liderança do MST, Natal Alves Rodrigues, na audiência de Brasília, em maio de 2008. "Hoje se fala em progresso. Eu queria saber para quem vem esse progresso". Sete assentamentos serão diretamente afetados pela construção da barragem de Estreito: quatro delas no Tocantins e três no Maranhão.
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